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Mostrando postagens de janeiro, 2021

LIVRO MENINOS DE VIDRO

(Foto/Mel Boavista) Caríssimas leitoras e queridos leitores, tive a honra de receber da acadêmica Luciene Freitas, premiada escritora pernambucana, uma de suas outras tantas pérolas literárias. O livro “Meninos de Vidro”, talhado à luz de uma verve colorida e imorredoura, chegou-me às mãos ainda em 2020 e, por isso, desejo que a distinta escritora, e estimada amiga, possa aceitar as minhas devidas escusas, pois, tal qual Oniec – Menino Dois, “o tempo escorregou no meu silêncio” e, descuidado, “não permiti que a sensatez me guiasse”. Lido e relido com a merecida atenção, levou-me o apreciado livro à recordação da leitura do Evangelho e de outras obras afins – aquelas que falam aos nossos corações. Os doze Meninos de Vidro, numa expressão celestial produzida por tão afiada pena de Luciene Freitas no primeiro momento da obra, com possibilidades para execução perfeita e específica e, no momento segundo, revelando as falhas no cumprimento e a impossibilidade da realização ideal. Assim desfi

QUINZE MINUTOS...

(Prosa poética publicada em 2009) ...Quinze minutos parecem não ouvir o meu suplício. À espera, ansioso, pelo fim dum curto período – no qual minha sensibilidade me exige descanso, e minha mente me atropela o físico ou, de modo ameno, reduz o meu ser, limitando-lhe o espaço, qual rio sobremodo apertado entre os montes – persisto portando o esquálido espírito, franqueado em algumas frações de segundos...Percebo-me fóssil, pois. Meu espírito, porém, me entusiasma, e isto, provavelmente, me equilibra a existência, num envoltório que, dadas as circunstâncias, reflete o que sou, o que deveria e o que serei, socialmente. Há algo que freme dentro de mim... Há algo de furor que me algema a alma à vontade quase que liberta dos meus algozes perniciosos. Não mais ouso refletir sobre o reflexo que de meu ser emana ao convívio em sociedade (como fazem outros seres, via de regra), porque, se refletir a respeito fosse mortal, haveria uma hecatombe. E tudo isso se me diz impessoal. Aguardo por

O RETORNO DO ALCANCARFI

(Texto publicado em 2009) A sequência dos dias se revela incógnita, mesmo havendo projetos a serem realizados; e por mais que se lute para que se concretizem (do mais simples ao complexo, de acordo com o grau dos obstáculos surgidos), as futuras ações ou serão interrompidas, cabendo à vontade o seu acolhimento, ou realizar-se-ão de modo diferenciado.  Nesse mundo de Maquiavel, Montesquieu, o simples ativista cultural eleva o espírito criativo no presente e parte do princípio de que “trabalha com o que se tem, conforme as possibilidades”. Primeiro porque, tratando-se de um ser reflexivo – e, geralmente o é –, o amanhã lhe é incerto, podendo o que havia sido projetado ficar apenas no desejo; e, segundo, porque não há como se construir, por exemplo, um barco de madeira, tendo disponível somente papelão, ainda que este objeto de que se pode dispor, nesse caso, resulte de um grande esforço. Por isso, após sete edições deste alternativo lítero-cultural, vendo-se o editor impossibilitado d

PARA LÁ DO AMOR

(Prosa poética dedicada ao nascimento da filha – dezembro de 2006 – Maria Regina e publicada em páginas da web, em 2009) [A beleza com que a noite se fez viva ao sonhador, que aos empoçados vales tanto dedicara o soturno pensamento, semeou seus inférteis campos, brotando-lhe, no amargurado seio paternal, uma fecunda vida, deveras.] Que aprazimento me toma o espírito do estar, do presente perecível, do ver ao longe, porvir assentado pelo sentir esmero, à medida que o observar me distancia da solidão lúgubre, soez, frente às intempéries do meu pequenino haver, até percebê-lo? Romperam-se, de modo abrupto, os grilhões que me atavam às donzelas solitárias noturnas, e a alça da Criação me pôs, brandamente, a grifar um sentimento infindo, luzente, apraz, amorável... valor indefinível, por ausência própria de exatidão, tamanha feitura criacional – bem o sei, pois a plenitude de seu lirismo houve de me arremeter, sorrateiramente, à extremidade de seu afeito saber.